30/06/2010
Robert Zemeckis
Buenas
indiada, começo hoje com a coluna sobre cinema do blog. Esse espaço é destinado
para falar de uma maneira geral sobre cinema, desde 1895 até hoje.
Para
abrir esta coluna vou fazer uma homenagem e uma revisão cinematográfica de um
grande diretor contemporâneo, discípulo de Steven Spielberg e para mim um dos
mais inovadores diretores que consegue dialogar com vários estilos sempre de
maneira brilhante. Estou falando de Robert Zemeckis.
Febre de Juventude fez pouco sucesso mas
estourou no Brasil como um filme de culto
nas inúmeras vezes que passou na sessão da tarde. As aventuras de um grupo de amigos que viajam
pelos EUA para chegar em
Nova York e assistir a histórica apresentação dos Beatles no
programa de televisão Ed Sullivan Show. Mostrando um retrato fiel e bem
humorado do que representava a Beatlemania e já abusando de efeitos misturando
imagens da época com os atores. Destaque para Nancy Allen como Pam, a noiva nem
tão fã dos Fab Four que consegue entrar no quarto dos Beatles, atriz que na
época era casada com o mestre Brian de Palma.
Seu
próximo filme Carros Usados (Used Cars, 1980) também produzido pelo
Spielberg, tinha um original roteiro com grandes atuações de Kurt Russel como o
vendedor de carros e Jack Warden fazendo os irmãos gêmeos da trama, um bom
filme, um pouco esquecido, mas aquém da sua estreia.
Ambos filmes fracassaram
em termos de público, mas seu terceiro longa Tudo por uma Esmeralda
(Romancing in The Stone), foi produzido por Michael Douglas, também
impressionado pelo talentoso diretor, que não perdeu a oportunidade e dirigiu
com muita qualidade a aventura nas selvas colombianas da sonhadora escritora
Joan Wilde (Kathlen Turner) e do aventureiro Jack Colton (Michael Douglas) em
busca da sequestrada irmã de Joan. Grande atuação de Danny de Vitto que devido
à quimica com o casal de protagonistas
fez a continuação da franquia com os atores, já sem a direção de Zemeckis. Tudo
por uma Esmeralda foi o primeiro sucesso comercial de Robert Zemeckis e
abriu as portas para ele e Bob Gale, aproveitando os louros da fama, realizarem
sua obra prima oitentista De Volta para o Futuro (Back to the Future, 1985).
Esse misto de comédia com ficçao científica sobre a viagem no tempo de Marty Mc
Fly (Michael J. Fox) na De Lorean do cientista Doc Brown (Cristoper Lloyd) ao
ano de 1955, com certeza é um dos maiores filmes dos anos 80, com cenas inesquecíveis
numa trilha sonora excelente do seu sempre colaborador Alan Silvestri, um
grande sucesso que levou multidões ao cinema e provocou ansiedade para saber o
que aconteceria nas continuações. Zemeckis demorou três anos e dirigiu logo
duas continuações, o 2 e o 3 lançando uma em 1989 e outra em 1990. A segunda parte com
as idas e vindas de Marty no passado, presente e futuro de Hill Valley e a
terceira com uma homenagem aos faroestes clássicos com uma viagem no tempo para
1885. De Volta para o Futuro se tornou umas das franquias e séries mais
famosas e idolatradas no cinema numa época de ainda parcos recursos
tecnológicos mas onde ainda se primava a criatividade, enfim... No interim da
gravação das continuações, Zemeckis dirigiu em 1986 com Cristopher Lloyd e Mary
Stuart Materson (De Volta Para o Futuro 3), um episódio de Histórias
Maravilhosas, de nome Aluno Excelente, uma impressionante história com requintes de magia negra e
vingança.
Chega
1988 e Zemeckis capricha com o inovador Uma Cilada para Roger Rabbit (Who
Framed Roger Rabitt), onde ele mescla personagens reais com desenhos
animados com uma técnica de live action que marcou época. O enredo, uma
homenagem aos filmes noir dos anos 40, com direito a um detetive (Bob
Hopkins), um coelho simpático e uma femme fatale das mais famosas e
belas do cinema (mesmo que seja em animação), a inesquecível Jessica Rabbitt
(com a voz de Kathleen Turner), tornou-se mais um grande sucesso mostrando sua
versatilidade e técnica.
No
desabrochar dos anos 90, Zemeckis larga sua fase roterista e assume de vez a de
realizador e em 1992 realiza a comédia de fantasia A Morte lhe Cai Bem
(Death Becomes Her, 1992) dirigindo feras do naipe de Meryl Streep, Goldie
Hawn, Bruce Willis e Isabella Rosselini, numa sátira sobre a ditadura da estética que não fez
muito sucesso mas que teve efeitos inovadores e marcantes, porém um filme menor
em sua carreira.
Em
1994, com Forrest Gump – O Contador de Histórias (Forrest Gump), o
diretor realiza sua obra prima. Baseado num livro de Winston Groom e adaptado
por Eric Roth, com uma linda trilha sonora de Alan Silvestri, nos conta um das
mais belas histórias do cinema. A saga de Forrest Gump, o maior heroi americano
(às avessas, é claro) é pontuado com intenso lirismo, belas imagens e uma
edição de primeira, mostrando fatos da história da América intercalando com a
vida do bobalhão Forrest. Efeitos
digitais apurados, uma trilha musical
com clássicos absolutos dos anos 50 até os 80 e uma atuação soberba de Tom
Hanks, talvez a melhor de toda sua vida. Ganhou seis Oscars, incluindo
melhor filme, ator para Hanks e direção para Zemeckis na sua consagração e
reconhecimento como grande cineasta mostrando que grande diretor é quem faz
grandes filmes (e idiotas é que fazem idiotices). Com o sucesso de Forrest,
Zemeckis pára por três anos e realiza Contato (Contact, 1997), tendo como roteiro de um dos maiores cientistas da
história, a lenda Carl Sagan. Um filme polêmico por tratar ciência e religião
em contrapontos, com uma bela atuação de Jodie Foster como a Dra. Ellie
Arroway, com uma direção competente e questionadora que, com certeza, entra no
rol das melhores histórias de ficção científica dos anos 90.
No
ano 2000 Zemeckis partiu para dois projetos simultâneos. O primeiro era o filme
Náufrago, que necessitava de uma pausa para que Tom Hanks perdesse
peso. O outro, realizado neste intervalo
de tempo era Revelação (What Lies Beneath). Neste filme, Bob
Zemeckis dirige Harrison Ford e Michele Pffeifer numa história onde fantasmas
do passado literalmente atormentam a vida perfeita do Dr. Norman e sua esposa
Claire, um filme de suspense e terror na medida, muitas vezes esquecido pelo
público mas bem acertado pela direção precisa de Zemeckis em mais uma prova da
sua versatilidade de estilos.
Seu segundo filme do ano, Náufrago (Cast Away,
2000), conta a história de Chuck Noland, um metódico funcionário da Fedex
que se vê sozinho numa ilha deserta após um acidente aéreo. É um dos filmes
mais ousados de Zemeckis, quase sem diálogos,
uma luta pela sobrevivência emocional, fisica e comunicativa do
personagem, que passa quatro anos numa ilha, com mais um direito a um show de
Tom Hanks que construiu mais um personagem para o seu rol. Aliás, depois deste
filme, uma bola de vôlei se tornou mais que um amigo...
Em
2004, novamente a parceria Zemeckis e Tom Hanks (interpretando seis
personagens, na maioria das vezes digitalizados) se une para realizar O
Expresso Polar (Polar Express), uma fábula infantil onde, abusando de
recursos digitais, renovam as lendas natalinas e crenças no Papai Noel, mais um
ousado trabalho de Bob Zem para um público mais jovem, mas nunca perdendo sua
técnica e qualidade, nos brindando com uma bela experiência visual.
Em
2007, Zemeckis dirige a Lenda de Beowulf (Beowulf) e mais uma vez ele
inova filmando uma adaptação de um poema épico
dinamarquês, em um brilhante roteiro com muita ação e grandes efeitos
visuais, ele mostra sua apurada capacidade de artesão de novas tecnologias,
misturando animação e realidade com uma técnica de captura de movimentos,
dirigindo um time de atores fabulosos como Anthony Hopkins, Angelina Jolie,
Robin Wright Penn, John Malkovich entre outros. Essa fábula, feita para o
formato 3D, já anunciava revoluções que só pintariam dois anos depois com
Avatar, mais um ponto da genialidade de Zemeckis.
Em
2009, lança Os Fantasmas de Scrooge (A Christmas Carol), e como já tinha
feito com seus dois filmes anteriores, ele usa mais uma vez, e com maior
perícia, a técnica de captação de imagens adaptando para a telona a famosa e
clássica história natalina de Charles Dickens, Um Conto de Natal, desta
vez, com o rabugento Scrooge sendo interpretado – captado – por Jim Carrey. Mas
como sempre, por mais que o diretor nos encante com seus efeitos digitais, essa
obra consegue passar humanidade, lirismo e drama sendo até uma versão sombria e
amarga demais do famoso conto.
Robert
Zemeckis pode ser analisado e conhecido
como um dos mais versáteis, inovadores
e, acima de tudo, humano, dos diretores norte-americanos. Analisando sua
obra vê-se que com muito poucos erros e grandes acertos, criou uma obra única
que mescla o cinemão de grande público com muita qualidade. Assim, posso
afirmar que é um dos grandes gênios do cinema moderno.
Filmografia
(Longa Metragem) e Notas (atribuídas por mim):
2009 - Os Fantasmas de Scrooge 7,0
2007 - Beowulf 8,0
2004 - O Expresso Polar 7,0
2000 - Náufrago 8,0
2000 - Revelação 7,0
1997 - Contato 8,0
1994 - Forrest Gump - O Contador de Histórias
10,0
1992 - A Morte lhe Cai Bem 6,5
1990 - De Volta para o Futuro III 8,5
1989 - De Volta para o Futuro II 8,0
1988 - Uma Cilada para Roger Rabbit 8,0
1985 - De Volta para o Futuro 9,5
1984 - Tudo por uma Esmeralda 7,5
1980 - Carros Usados 6,0
1978 - A Febre da Juventude 7,0
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2 comentários:
Parabéns pela matéria, Lauro. Como sempre, a qualidade prima em tuas matérias. Não adianta. Mestre é mestre. E ainda mais o tema escolhido. Dentro os filmes do Bob, pelo menos um deles, citado, está entre os meu top 10. Parabéns e seja bem vindo aos colunistas VIP da Rádio Núcleo Base - a rádio diferente ...
Interessante. Eu não sabia que o Robert Zemeckis era o diretor de filmes importantes dos idos 80. Gostei da matéria. Gostaria de sugerir que falem do curtindo a vida adoidado, que é contemporâneo do Robert Zemeckis.
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